terça-feira, 26 de agosto de 2025

Balbúrdia PoÉtica - Geleia Geral


Balbúrdia PoÉtica

geleia geral  - relâmpagos

faíscas da surpresa

poesia ali na mesa

 

por mais que te amar

seja uma zorra

eu te confesso amor pagão

não tem de ter perdão pra nós

eu quero mais é teu pudor de dama

despetalando em meus lençóis

*

“Geleia geral” é um termo criado por Décio Pignatari. Com ele, o poeta concretista definiu um Brasil que vivia ao mesmo tempo com as novidades que surgiam, especialmente nas artes, no fim da década de 1960 e com as tradições. Era o tropicalismo e o bumba-meu-boi ocupando o mesmo espaço-tempo e se relacionando.

Torquato Neto e Gilberto Gil pegaram esse termo e fizeram a canção-manifesto de mesmo nome, que aparece no disco “Tropicália ou Panis et Circencis”, de 1968. E bem depois, em 1991, Daniela Mercury regravaria a música em seu primeiro trabalho solo, lançado pela Gravadora Eldorado. A arte está aí, para provar que o poeta nunca morre, só colabora com a geleia geral. – Rúbia me disse que Irina foi pra Itaipu onde as águas também são azuis, e agora o que faço? Voltar pra Itabira nem penso – amanhã vai te Balbúrdia no Carioca Bar em Campos dos Goytacazes para festejar o Bardo da Cacomanga -  Luis Turiba dá o toque: “minha cuíca é do samba mas pode ser também do rock” Todo Dia É Dia Da Poesia Todo Dia, enquanto a Bric a Brac não vem me leiam no ArteCult.com – certa vez em uma viagem que fiz pra Sorocaba  conheci Roberto Piva, na passagem por São Paulo, estava na rodoviária do Tietê me esperando para confessar as travessuras que tinha feito em Batatais, depois que descobriram o rapto de Antônio, o indiozinho caiçara – Gabriel de La Puente até hoje não dá notícias pra ninguém o nosso Ponte Grande, como gostava de afirmar Uilcon Pereira deve ter pulado para o outro lado do Rio – certa vez lá pelos idos do carnaval de 1984, Avyadores do BraZyl baixou na guanabara, foram para numa pensão ali na Saúde, quase embaixo dos arcos da Lapa, caminhavam quase todos os dias até Ipanema para encontrar o pai da Flora – Antes que me esqueça e esse frio não aqueça talvez no Pulo do Gato, você possa encontrar o que procura – ontem por exemplo não invento Luana traçou o meu destino caminha até o sino da Igreja de São Bento

*

e se tiver que me matar que seja

e ser eu tiver que te matar que morra

em cada beijo que te der amando

só vale o gozo quando for eterno

infernizando os céus

e santificando a boca do inferno

 

leia mais  no blog

https://fulinaimargem.blogspot.com/

manguinhos

poema em linha torta

 

geograficamente

lapa para mim são 3

em campos no rio e em sampa

em mil novecentos e noventa em seis

quando publiquei sampleando

pela primeira vez

uma ninfeta paulista

me perguntou onde era

a lapa do poema

de manguinhos lhe respondi

:

o poema pode ser um beijo em tua boca

 

há tempos não tenho paciência

para respostas concretas

se no poema o poeta faz referências

a estação da luz av. paulista

consolação água branca barra funda

essa lapa só pode ser em sampa

né cara pálida ninfeta analfabeta


 Federico Baudelaire

https://www.facebook.com/federicoduboi

     viagem

 

a navelouca

atravessou o pontal em atafona

com destino a barra

à procura de Godot

passou por gargaú santa clara

entrou no ariticum macuco

traçou um risco

no centro urbano são francisco

voltou ao mar

sonho sossego guaxindiba

manguinhos buena almontado

tatagiba guriri lagoa doce

chegou a barra

e não encontrou o personagem procurado

rompeu a quarta parede do espírito santo

e até agora não voltou

 

Federico Baudelaire

www.poeticasarturianas.blogspot.com

                          carne viva língua nua 

carne viva língua nua

branca crua alva como lua

carnevale

   carnavalha

        carnaval

corpo a(teu)

vendaval que zeus nos deu

“é preciso estar atento e forte

não temos tempo de temer a morte”

também não sou cristão

como esses que se dizem

donos dos bons costumes

desse gigante adormecido

morto-vivo mesmo antes de parido

carolinas tive tantas

 por estas tortuosas ruas

mas nenhuma delas

com a língua tão viva como a tua

Federico Baudelaire

www.coletivomacunaimadecultura.blogspot.com


                        a dor do ciúme


érika era o azul
entre a serra e o vinhedo
a jura secreta
na carne das vinículas
nosso segredo sagrado
por entre as vinhas de Bento
o beijo quase rasgado
dentro das taças de vinho
e tanto amor prometemos
em rendas brancas de linho
érika era o azulzinho
por entre as tranças do vento
bebendo meu desalento
no interior da cozinha
e a mãe sôfrega na cama
ardendo o seu queixume
fazendo amor e
vertendo a dor do ciúme

              Federico Baudelaire

www.coletivomacunaimadecultura.blogspot.com 

ensaiando

 três personagens

           à procura de um autor

 

li ontem alguns poemas

nem sei de quem eram

depois um texto longo

também nem sei de onde veio

aquele longo texto me dizia

:

estou dentro da garrafa

afogado na areia da praia

caramujos e mariscos

me engoliram quando mergulhei

na onde atlântica sem saber

não era pacífica era tempestade

trago riscos trago tragédias e risos

me procurem do outro lado da ponte

e lá que irão me encontrar

 

Rúbia Querubim

www.fulinaimargem.blogsot.com

ensaiando

três personagens

à procura de um autor

 

peguei um texto aqui

com signos de comunicação

indeciflável

e ainda por cima sem assinatura

nem sei se é de poeta escritor

ou letra de algum cantor

só conseguir ler uma frase

pois não sei se podemos

chamar isso de verso

:

moro não é mais candidato

a presidente botou o   rabo

entre os dentes trocou

até de partido para não ser preso

vai tentar cadeira na câmara

dos deputados esse brasil tá fudido

e não tem nada de engraçado

 

EuGênio Mallarmè

www.arturfulinaima.blogspot.com

miliciano travestido de presidente

 

nenhum rito nenhum mito

que isso aqui não é atenas

muito menos heras de grécia

itálias de venetto  palanque pra prometeu

 

nenhum grito de miliciano

travestido de presidente

que mata em nome de deus

 

Gigi Mocidade

www.fulinaimamultiprojetos.blogspot.com

O poeta enquanto coisa

Cristina Bezerra me disse
que trepo no corpo
das palavras
na desconstrução da normalidade
dos seus significados

o poema é um jogo de dedos
um lance de dados
e o poeta enquanto coisa
é mediúnico
amoral em sua estética

na transa poética
tudo o que sai do corpo
é o que já foi incorporado

atentado poético

a hipocrisia aqui é muita
liberdade muito pouca
com meus dentes de navalha
vou rasgar a tua roupa
esse poema beijo/bomba
vai explodir na tua boca

a flor da boca

ficamos duas horas em frente a casa velha aline perseguia os pássaros e eu comia o vento que passeava entre a pele eriçando os pelos ela me falou do prazer que ainda não tinha vivido e me mostrou a flor da boca tinha gosto de saudade o tempo da escrita e tudo que ali fizemos

61

revirei sacramento pelo avesso do avesso aline me acompanhou passo a passo pela ladeira até a casa dos fundos canários no quintal catavam o que comer fotografamos e filmamos o que pairou no ar e não perdoa o éter dentro o cafezal nos convidava ao êxtase aline olhou pelo espelho da janela que dava para o outro lado da alma e levitou entre as trilhas dos canteiros ouvindo o som que nos unia


naquela noite de chuva

as cores no vestido de Yansã passaram despercebidas por aqui o sangue encarnado nas matas de Oxossi e o olho do Dragão na ponta da espada de Ogum ainda que aline na porta da casa velha tivesse sobre a pele meus olhos presos nas palavras escritas na parede as sagradas escrituras não dissessem o quanto ali brotavam flores naquela noite de chuva num coração estraçalhado

paixão é quando
linguagem de cinema
corta o verso do avesso
e a cena segue em outra dimensão
sem seta sem endereço
como se a nova meta
enlouquecesse o coração

Artur Gomes

www.fulinaimagens.blogspot.com

intervenção poética


2

Buena à Vista - del Santa Cruz de La Sierra
Puerto Viejo - Bolívia - fronteiras com o Brasil/Pantanal
para Mocy Cirne - in Memória

aí Pedro Bial/TV Golpe - esse é o Rio de Janeiro que eu quero

quero um Rio de Janeiro
sem farda sem capacete
intervenção militar é o K ralho
não tente nos enganar
com essa carta do baralho
de olho na eleição
violência com violência
não se extermina nunca não

o chefe dos traficantes
mora nas Minas da conspiração

quero uma intervenção poética
bebendo o caldo da ética
embaixo os Arcos da Lapa
Cinelândia, Glória, Catete
Flamengo, Botafogo, Laranjeiras
Copacabana, Ipanema, Lagoa
Gávea até o baixo Leblon

quero a poesia vermelha
da tua boca de baton

da Rocinha ao Corcovado
da Maré a São Conrado
o olho no front da Barra
com toda palavrAção
no morro do Alemão
quero festa pra Bracutaia
nós vamos invadir sua praia
no grande mar da subVersão

 dentro da carne que não sai

a carne de maçã: teu corpo devorei a cada dentada metáfora à flor da pele toda nua me recebeu na cama que era o chão da sala há 6 anos desejava teu corpo como quem deseja um prato de comida quando a fome é tonta nossa meta é física e o amor é quântico sem lucidez alguma até que passe a fome e o amor acabe


Artur Gomes Fulinaíma

www.fulinaimargem.blogspot.com

poétika

nem santa
nem puta
apenas filha
dessa ilha
seja do que for

Federika Lispector

     A

travessia no inverso do meu tempo

sem lenço sem documento

janelas abertas ao vento

 

o poema freudelérico

não tem nada de pessoa

na vitrola rola um demônios da garoa

e o poema mete a língua

no avesso da linguagem

rasga os tecidos da mortalha

assombrado com o verbo desemprego

afia ainda mais a carnavalha

com sua faca de dois gumes

no descompasso do desassossego

 

Federico Baudelaire

www.personasarturianas.blospot.com



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