poesia
objeto estranho
feito de chumbo
antimônio estanho
poesia é meta física
meta quântica
itaipu é o paraíso
que restou da mata atlântica
ela me chega assim bailarina
como uma tarde de música
envolta em física quântica
etérea qual labirinto
para dizer o que sinto
e desvendar teu endereço
procuro em teu livro secreto
palavras que não conheço
no espelho da raridade
cheirei as flores do mal
pensando ser bem-me-quer
um dia sou paulo leminski
no outro : sou charles Baudelaire
Metáforas inB
pelos 200 anos de Charles Baudelaire
bebo teus olhos d´água
como quem beija a boca de Bacco
nos vilarejos de Trento
em algum Museu do Imigrante
n´alguma Itália de Vêneto
ou algum altar de convento
beijo a tua língua de vinho
com a mesma língua de Vênus
sem nenhum esquecimento
Dionísio bêbado pelos Cassinos
transando nos pergaminhos
por Bares e Becos de Bento
poema
concreto
grosso
duro
ereto
a mulher dos sonhos
é de carne e osso
tem sangue medula cabelo
ágora agora me aliviando
as tensões e pesadelos
embora onipresente oculta
nada sabe tudo de mim
teus olhos dois búzios safira
pétalas na carne de sal que me atira
ao mar das metáforas serafim
absurdo não saber que absinto
absurdo não saber o que absente
absurdo sentir como eu te sinto
magnética essa elétrica corrente
quando bebo tuas águas além mar
e as mágoas pro infinito vou levando
em teu corpo sempre hei de me lavar
ando
tão tenso
nesse tempo
estático
Federico Badelaire
Coisa de índio
Afrodite-se-Quiser
para Marisa Vieira e Mano Melo
estava caminhando pelo Rio
exatamente na Visconde de Pira-já
em Ipanema
batidas no coração
quando avistei Helena
que não era do Rio
deve ter sido assombração
em alguma lavra de poema
Artur Fulinaíma
in - Igreja Universal do Reino de Zeus
sou o mestre sala
não me roube a fala
nem a anarquia
que não sou político
carregador de mala
e que zeus me livre
dessa corja insana
que arrombou brasil
quero que se foda
a putaria toda
e o genocida
desça a rampa que subiu
Federico DuBoi
não vou
guardar os sábados
em nome de jesus
e me deixar
crucificada numa cruz
que só causa dor
aos sábados
eu pratico a arte
de fazer amor
*
uma cidade sem poesia não é nada
Zeus meu deus arcaico marllarmélico mallarmaico me ensinou a entender no aramaico meus desejos brazilíricos e transformar as tragédias do bordel em manifestos bordelíricos
Federika Lispector
SerTão Poético
Aqui neste grande serTão poético, me lembrando de um poema que
escrevi lá pelos anos de 2013 e 2014, publicado ela primeira vez no livro SagaraNAgens
Fulinaímicas em 2015, numa caprichada edição artesanal de WinstonChuchil
Rangel e um belíssimo prefácio de Tanussi Cardoso.
Foram apenas 20 exemplares, portanto uma relíquia para
colecionadores. Em 2018 foi publicado no livro Juras Secretas e
posteriormente no blog e página no face que tinham o mesmo título Juras
Secretas. Pois bem depois que a “mulinha sem cabeça” invadiu meu zap tanto o
blog quanto a página desapareceram num passo de mágica, assim como muitas
postagens no face, o que só me deixa uma conclusão:
é muito perigoso tentar alertar as pessoas sobre o tamanho da
hipocrisia que rola por aqui nesse grande sertão dos abandonos.
carne proibida 2
abusas no meu e-mail
no centro de gravidade
desse meu corpo elétrico
não me dissestes porque veio
acender a lâmpada
na metafísica dos poros
devoro teu corpo atlântico
com meu canino esquerdo
minha fome é quântica
como um barril de pólvora
com o pavio aceso
II
salsa alecrim alfavaca cebolinha
azeite limão hortelã vinagre
azeite com pimenta
quem resiste esse peixe temperado
que a poesia em mim inventra
vem lambe minha língua
que esse me(u)l sal te alimenta
III
duas bandas vermelhas de maçã macia
abriram-se em frente a minha íris retina
de tão belas nem sei se chupo como
ou apenas toco os pelos dessa menina
Mitológica
Daqui desta cachoeira
no morro da barbárie
no país dos abandonos
sobre a minha ancestralidade voz digo
:
África sou raíz e raça
orgia pagã na pele do poema
couro em chagas que me sangra
alma satã na carne de Ipanema
na ponta da pedra
a faca risca o ponto para Ogum
tem um animal de vagina espacial na poesia
lá do alto na fresta do sol pela janela
Tranca Rua e 7 Pedreira
me resguardam quando avistam
o assassino pronto para o tiro
a bala rasga rente os pelos
a pele sangra a alma voa
desfere uma canhota de esquerda
no centrão da testa do atirador
o anjo caído despenca
do precipício que ele mesmo inventou
Metáforas de Fogo
atravesso as letras entre sílabas semióticas Metáforas
de Fogo atiçadas aos pés da porta antes do beijo que ficou para o depois
Artur Gomes
poesia
tenho os meus princípios
desde o início
risco vertigem nos hospícios
salto no abismo
bacanal no precipício
sem flores sem falas sem facas
sem filtros sem cortes
poesia – esse país das mortes
eu sou prural
não me sigam eu não sou um
eu sou trezentos eu sou plural
estou nos meios nos terreiros nos centros
eu sou o Zeus da Universal
banquete antropopófago
acendo o abajur do quarto
na cozinha
para o rito de entrada
preparo os pratos os talheres
horas antes da chegada
fatio o pão salaminho
chirichela italiana florbela
só chega na hora marcada
na mesa queijos e vinhos
na cama lençóis de linho
o rito do amor primeiro
a carne uva de dédalas
defloro a flor pele pétalas
a fome furacão formigueiro
Artur Gomes Fulinaíma
www.fulinaimagens.blogspot.com
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