domingo, 12 de fevereiro de 2023

espelho



espelho

flechas que sangraram Oxóssi
em meu peito quebro
espelho do outro lado
da rua mato a fera
Ogum me deu a lança
tua fúria não me alcança
não ando só Yansã
me leva em sua ventania
trovão estampido coice elétrico
tenho o reflexo do fluxo
do sangue que me embala
bala na veia tiro de letra
não tenho trava não tenho treta
branca ou preta eu traço o tempo
ao sabor do vento que vem
ao sabor do vento que vai
onda do mar eu tenho o sal
e quero sol a solidão não pega
de surpresa nunca fui presa
fácil pra tua armadilha
eu tenho a trilha que os teus pés
jamais irão pisar.

Federika Lispector

https://fulinaimacarnavalhagumes.blogspot.com/

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Por Onde Andará Macunaíma?

Travessia   Quando soltei os camelos, já não havia deserto.   nenhuma manhã nascendo.   nenhuma lua por perto.   Lau Siqueira Versos Sertâni...