terça-feira, 19 de abril de 2022

fulinaimagem poema freudelérico


o cu do mundo onde fica?

minha língua afiada

onde enfiá-la?

 

fulinaimagem

metáfora nua na janela

meter a língua na linguagem dela

 

despir a musa

rasgar o vestido

a calça a blusa

despetalá-la

deixá-la lua

em carne viva nua e crua

 

palácio do planalto alvorada

o cu profundo o submundo

cu do boi

de um país que foi

 

contei duas estrelas

do outro lado do muro

uma era baudelaire

a outra luiz melodia

se eu fosse zeca baleiro

bolero blues cantaria

 

Artur Gomes

www.fulinaimagens.blogspot.com

 

o poema freudelérico

não tem nada de pessoa

na vitrola rola um demônios da garoa

e o poema mete a língua no avesso da linguagem rasga os tecidos da mortalha

assombrado com o verbo desemprego

afia ainda mais a carnavalha

com sua faca de dois gumes

no descompasso do desassossego

 

Federico Baudelaire

www.personasarturianas.blospot.com

 


era uma vez um mangue

e por onde andará macunaíma

      na sua carne no seu sangue

               na medula no seu osso

ainda existe algum

vestígio de macunaíma

na veia do seu pescoço

 

por onde andará macunaíma

nos porões das oficinas

nos balcões de supermercados

na linguagem fulinaíma

nas florestas de Roraima

no eldorado pindorama

ou na anti tese de mestrado 

na teoria dos mistérios

nas covas dos cemitérios

desse brasil desossado ?

 

macunaíma não me engana

bebeu água do paraíba

nos porão dos satanazes

está nos corpos incinerados

na usina de cambaíba

em campos dos goytacazes

 

macunaíma não me engana

está nas carcaças desovadas

na praia de manguinhos

em são francisco do itabapoana



mar de búzios

mel de ostras

minha cabeça parafuso

 



no fundo da xícara

na borra do café teu nome

o sobrenome na asa

a brasa morde meus dias

de outono quente

e as noites que dormi na tua casa

um pássaro canta na janela

quando toco tua coxa

Florbela não soube me dizer

porque vaza sob meus pés

um rio das ostras


quem passou a língua

mas coxas da Caipora?

me pergunta Federico Baudelaire

cheirando as Flores d0  Mal

no Sarau de EuGênio Mallarmè

 

Gigi então invoca

a Dona Santa Federika

que baixa na mesma hora

 

- ora bolas fui eu

com minha língua de faca

cortei a cara da vaca

a começar pelas coxas

depois subi pelo corpo

até o buraco da boca

e meti a língua na língua

 

e na suruba das línguas

a dela mordendo a minha

a minha mordendo a dela

a Arte então se revela

não existe Arte sem língua

nem Teatro sem linguagem

a Arte é uma grande suruba

e o resto mais é paisagem


foto.grafia

no meu olho gótico

a estética do desejo

em tudo enquanto te vejo

em tudo quanto te beijo

em tudo quanto te lambro

em tudo quando te lembro

em tudo quando te limbro

em tudo quanto de lombro

em tudo quando te lumbro

 

onde não há sentido

procuro significado

dessa coisa enquanto coisa

dessa coisa ter ficado

no olho do olho do olho

do centro do colo do presente

coisa que jamais será passado


não sou iluminista nem pretender 
eu quero o cravo e a rosa 
cumer o verso e a prosa 
devorar a lírica a métrica 
a carne da musa 
seja branca negra amarela 
vermelha verde ou cafuza 

eu sou do mato 
curupira carrapato 
sou da febre sou dos ossos 
sou da Lira do Delírio 
São Virgílio é o meu sócio 

Pernambuco Amaralina 
vida breve ou sempre vida/severina 
sendo mulher ou só menina 
que sendo santa prostituta 
ou cafetina devorar é minha sina 
e profanar é o meu negócio 

atravesso avesso

aos tipos de academias

no inverso

vou fazendo as travessias

afiando as contas da agonia

me perdi do endereço

 

eu fervo porque ela dança

na chama do fogo ao vento

dentro de mim moram

pelos menos 13

querubins em movimento

 

fosse o que eu quisesse

apenas um beijo roubado em tua boca

dentro do poema nada cabe

bem o que sei nem o que não se sabe

 

e o que não soubesse

do que foi escrito

está cravado em nós

como cicatriz no corte

entre uma palavra e outra

do que não dissesse

 

quixaba uma palavra estranha
assim como katchup guanabara guaxindiba
guarapari lembra-me índio capixaba
goiaba carne vermelha
teu corpo nu diante do espelho
página do livro onde te grafitei
em couro cru & carne viva
alga marinha nascida em mar de angra
a flor da pele ainda sangra
como último beijo mordido na boca
sem sinal de despedida

 

 

Artur Gomes

fulinaimagem poema freudelérico



Fulinaíma MultiProjetos

www.centrodeartefulinaima.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Live em homenagem a Antônio Cícero

No próximo dia 23 às 16:hs à convite da minha amiga  Renata Barcellos BarcellArtes  estaremos nessa live em homenagem a memória de  Antônio ...