o cu do mundo onde fica?
minha língua afiada
onde enfiá-la?
fulinaimagem
metáfora nua na janela
meter a língua na linguagem dela
despir a musa
rasgar o vestido
a calça a blusa
despetalá-la
deixá-la lua
em carne viva nua e crua
palácio do planalto alvorada
o cu profundo o submundo
cu do boi
de um país que foi
contei duas estrelas
do outro lado do muro
uma era baudelaire
a outra luiz melodia
se eu fosse zeca baleiro
bolero blues cantaria
Artur Gomes
www.fulinaimagens.blogspot.com
o poema freudelérico
não tem nada de pessoa
na vitrola rola um demônios da garoa
e o poema mete a língua no avesso da
linguagem rasga os tecidos da mortalha
assombrado com o verbo desemprego
afia ainda mais a carnavalha
com sua faca de dois gumes
no descompasso do desassossego
Federico Baudelaire
www.personasarturianas.blospot.com
era uma vez um mangue
e por onde andará macunaíma
na sua carne no
seu sangue
na
medula no seu osso
ainda existe algum
vestígio de macunaíma
na veia do seu pescoço
por onde andará macunaíma
nos porões das oficinas
nos balcões de supermercados
na linguagem fulinaíma
nas florestas de Roraima
no eldorado pindorama
ou na anti tese de mestrado
na teoria dos mistérios
nas covas dos cemitérios
desse brasil desossado ?
macunaíma não me engana
bebeu água do paraíba
nos porão dos satanazes
está nos corpos incinerados
na usina de cambaíba
em campos dos goytacazes
macunaíma não me engana
está nas carcaças desovadas
na praia de manguinhos
em são francisco do itabapoana
mar de búzios
mel de ostras
minha cabeça parafuso
no fundo da xícara
na borra do café teu nome
o sobrenome na asa
a brasa morde meus dias
de outono quente
e as noites que dormi na tua casa
um pássaro canta na janela
quando toco tua coxa
Florbela não soube me dizer
porque vaza sob meus pés
um rio das ostras
quem passou a língua
mas coxas da Caipora?
me pergunta Federico Baudelaire
cheirando as Flores d0
Mal
no Sarau de EuGênio Mallarmè
Gigi então invoca
a Dona Santa Federika
que baixa na mesma hora
- ora bolas fui eu
com minha língua de faca
cortei a cara da vaca
a começar pelas coxas
depois subi pelo corpo
até o buraco da boca
e meti a língua na língua
e na suruba das línguas
a dela mordendo a minha
a minha mordendo a dela
a Arte então se revela
não existe Arte sem língua
nem Teatro sem linguagem
a Arte é uma grande suruba
e o resto mais é paisagem
foto.grafia
no meu olho gótico
a estética do desejo
em tudo enquanto te vejo
em tudo quanto te beijo
em tudo quanto te lambro
em tudo quando te lembro
em tudo quando te limbro
em tudo quanto de lombro
em tudo quando te lumbro
onde não há sentido
procuro significado
dessa coisa enquanto coisa
dessa coisa ter ficado
no olho do olho do olho
do centro do colo do presente
coisa que jamais será passado
curupira carrapato
sou da febre sou dos ossos
sou da Lira do Delírio
São Virgílio é o meu sócio
Pernambuco Amaralina
vida breve ou sempre vida/severina
sendo mulher ou só menina
que sendo santa prostituta
ou cafetina devorar é minha sina
atravesso avesso
aos tipos de academias
no inverso
vou fazendo as travessias
afiando as contas da agonia
me perdi do endereço
eu fervo porque ela dança
na chama do fogo ao vento
dentro de mim moram
pelos menos 13
querubins em movimento
fosse o que eu quisesse
apenas um beijo roubado em tua boca
dentro do poema nada cabe
bem o que sei nem o que não se sabe
e o que não soubesse
do que foi escrito
está cravado em nós
como cicatriz no corte
entre uma palavra e outra
do que não dissesse
Artur
Gomes
fulinaimagem poema freudelérico
Fulinaíma MultiProjetos
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