Esfinge
d elza ainda não sei de nada
o rio com seus mistérios
molha meu cio em silêncio
de onde vem pra onde vai
se usa sai rodada ou quem sabe tomara que cai
trindade da santíssima santa
fosse apenas o que já foi dito
ou quarteto metafísica quântica
dandara isadora angélica adele
com um beijo preso na garganta
se veste com a própria pele
ou quem sabe com outras tantas
contei duas estrelas do outro lado do muro
uma era baudelaire a outra luis melodia
se eu fosse zeca baleiro bolero blues cantaria
o poema freudelérico não tem nada de pessoa
na vitrola rola um disco dos demônios da garoa
nas margens terceira do rio
meu cavalo segue tenso a trilha que lhe cabe
mallarmaico mallarmélico um tanto quase
baudelérico exalando flores do mal
queimando em mar de fogo me registro
a lavra da palavra quero quando for  pluma
mesmo sendo espora
assombrado com o verbo desemprego
afio ainda mais a carnavalha rasgo as tralhas da mortalha com a faca de dois gumes
cu do mundo onde fica?
palácio do planalto alvorada  cu de boi
submundo mais profundo de um país que já foi
Artur Kabrunco
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não fosse essa jura secreta
mesmo se fosse eu não dissesse
essa ostra no mar das tuas pernas
como um conto do Marquês de Sade
Jura secreta 1 
a língua escava entre os dentes 
a palavra nova 
fulinaimânica/sagarínica 
algumas vezes muito prosa 
outras vezes muito cínica 
tudo o que quero conhecer: 
a pele do teu nome 
a segunda pele o sobrenome 
no que posso no que quero 
a pele em flor a flor da pele 
a palavra dandi em corpo nua 
a língua em fogo a língua crua 
a língua nova a língua lua 
fulinaímica/sagaranagem 
palavra texto palavra imagem 
quando no céu da tua boca 
a língua viva se transmuta na viagem 
entre tuas pernas
o beijo no instante trágico
a língua sem que ninguém soubesse
no silêncio como susto mágico
e esse relógio sádico
como um Marquês de Sade
Jura secreta 3 
fosse essa jura sagrada 
como uma boda de sangue 
às 5 horas da tarde 
a cara triste da morte 
faca de dois gumes 
naquela nova granada 
e Federico Garcia Lorca 
naquela noite de Espanha 
não escrevesse mais nada 
não fosse essa alga 
queimando em tua coxa 
ou se fosse e já soubesse 
mar o nome do teu macho 
o amor em ti consumiria 
Olga Savary 
no sumidouro dos meus dias 
o couro cru 
na antropofágica erótica 
carne viva 
tua paixão em mim 
voraz língua nativa 
nosso batismo de fogo
25 de março
e o morro querosene em chamas
no canto pro tempo nascer
e o amor que a gente faria
Jura secreta 7 
fosse Sampa uma cidade 
ou se não fosse não importa 
essa cidade me transporta 
me transborda me alucina 
me invade inter/fere na retina 
com sua cruel beleza 
como Oswald de Andrade 
e sua realidade 
como Mário de Andrade 
e sua delicadeza 
Jura Secreta 8
artefato (poema sujo)
 
numa cidade abstrata
sem sentido ou significado
matadouro é arte concreta
veracidade é pecado
pago com pena de morte
 
esta máquina de escrever
fotografada em Itaguara
como um poema de Lorca
escrito em Nova Granada
cravado em Araraquara
 
você não sabe onde está
você não sabe onde  é
você não sabe de quem foi
este punhal na metáfora
que sangra a carne do boi
Artur Gomes
Juras Secretas
Editora Penalux – 2018
www.secretasjuras.blogspot.com
Fulinaíma MultiProjetos



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