corpo em trânsito
em São Paulo uma menina
me chamou de SerAfim
por saber que poesia
é tudo que transa em mim
e ainda uma outra
me chamou de desvairado
por saber que concretismo
anda sempre do meu lado
foi então que em Teresina
me chamaram de Torquato
ao perceberem minha boca
com esse meu vapor barato
e uma outra feminina
me chamou de Faustino
por re-V(L)ER no meu poema
esse sotaque feminino
no Recôncavo baiano
bem no centro o reconvexo
rasguei todos meus planos
quando fiz primeiro sexo
numa feirinha de verdura
uma linda criatura elegante sensual
me pediu pra ler Leminski
quando viu meu visual
no poema de Kandinsky
e encontrei fulinaíma
no universo paralelo
pra revirar o céu de anil
desse país verde amarelo
revirando a tropicalha
pelo avesso do avesso
foi tamanha a CarNAvalha
que perdi meu endereço
fui parar em Ipanema
num 1º de Abril
quando assisti pelo cinema
a pátria mãe que me pariu
fui pro morro da Mangueira
re-inventar Parangolé
por entender que esse brasil
ainda
vai ficar de pé .
Federico
Baudelaire
O
homem com a flor na boca
o vôo de Heras EvoEros enquanto espero outras Eras primasVeras nesse quase verão/inverno que me tire desse purgatório nó da gravata quase
mesmo inferno nos abismos desse terno recortado
por Gamboa mas não sou Pessoa dessa pedra Itabira esse pó quase me pira muritiba
muquirana Itabapoana não me engana Macunaína ainda vive nas favelas de
Copacabana
Federico Baudelaire
leia mais no blog
Drummundana Itabirina
https://uilconpereira.blogspot.com/
como escrevo?
a minha relação poesia.teatro.poesia é visceral vital para o
que escrevo como quem encena a necessidade do corpo como expressão não planejo
nem penso o que ele sente quando jorra palavras no deserto branco do papel. o
corpo dada lance de dados jogos e lances na ponta dos dedos o dado rola quando
o estômago ronca e as tripas falam
https://www.facebook.com/fulinaimateatroabsurdo/
cores/nomes é o título de um disco de vinil lançado por
Caetano Veloso em 1982 onde ele faz essa queixa: “um amor assim delicado você
pega e despreza não devia ter despertado
ajoelha e não reza/dessa coisa que mete medo pela sua grandeza não sou o único
culpado disso eu tenho a certeza/princesa, surpresa você me arrasou serpente,
nem sente que me envenenou/ senhora, e agora? Me diga onde eu vou senhora,
serpente princesa/ um amor assim violento quando torna-se mágoa é o avesso de
um sentimento oceano sem água/ ondas, desejos de vingança nessa desnatureza bateu
forte sem esperança contra tua dureza/ princesa, surpresa você me arrasou serpente,
nem sente que me envenenou/senhora, e agora? me diga onde eu vou senhora,
serpente
princesa/um amor assim delicado nenhum homem daria talvez tenha sido pecado apostar
na alegria/você pensa que eu tenho tudo e vazio me deixa
mas Deus não quer que eu fique mudo
e eu te grito esta queixa/princesa, surpresa você me arrasou serpente, nem
sente que me envenenou/ senhora, e agora? me diga onde eu vou amiga, me diga” –
“ele me deu um beijo na boca e me disse...”
estávamos na estrada em direção a Sorocaba, tínhamos
pernoitado em Cerquilho, ouvindo Araçá Azul e vendendo Fulinaíma Sax Blues
Poesia. Cristiane Grando havia escrito a Geografia da Poesia no mapa da
antropofagia e seguia comigo, em direção a rua do meu xará muito prá lá de Macunaíma
do deus me livre. 7 mil vezes já fiz essa mesma pergunta e 7 mil respostas já
recebi com 7 mil diferentes conotações ou significantes que não se casam não se
juntam, perambula, flutuam por 7 mil distintos espaço no universo da das
palavras que ainda invento.
nunca pensei criar neologismo, mas como tudo que escrevo vem
do imprevisto do improviso o não pensado, nada planejado. Fulinaíma me surgiu
quando trafegava pela estrada dos Bandeirantes, na cia de Naiman, (um grande
parceiro de música - confira no CD Fulinaíma Sax Blues Poesia - 2002).
Íamos em direção ao SESC Campinas para dirigir uma Oficina de
CriaçãoPoética o Ano era 1996. Tinha criado para o SESC-SP dois projetos
culturais. Em 1993 - Mostra Visual de Poesia Brasileira - Mário de Andrade 100
Anos - e em 1995 - Retalhos Imortais do SerAfim - Oswald de Andrade Nada Sabia
de Mim - portanto em 96 Macunaíma e Antropofagia ainda eram conceitos que me
habitavam a parte mais cerebral dos miolos.
De início, era só uma palavra, que foi se desdobrando em
Fulinaímicas, Fulinaimânicas, Fulinaimagens, Fulinaimicamente, Fulinaimargem, aí
eu fui percebendo as referências, as misturas, e todas me remetiam antes de
mais nada a fulia, e a fulia me remeteu a esse ser fulinaímico que é um
caldeirão antropofágico com desejo de comer o mundo.
Lendo Mário de Andrade, aprendia sobre a nossa formação
étnica. Lendo Oswald, aprendi a lidar com as circunstâncias e criar minhas
metáforas de fogo, o meu teatro do absurdo, a desconstrução de uma realidade
imposta, para me despir dela, e me vestir com o nu sagrado/linguagem.
devemos não ter pressa
a lâmina acesa
sob o esterno do Vênus
onde me perco mais
me encontro menos
in – Baby é Cadelinha – livro Juras Secretas – 2018.
leia mais no blog Nação Goytacá
o vôo
de Heras
EvoEros
enquanto espero
outras Eras
primasVeras nesse quase verão/inverno
que me tire desse purgatório
nó da gravata
quase mesmo inferno
nos abismos desse terno
recortado por Gamboa
mas não sou Pessoa
dessa pedra Itabira
esse pó quase me pira
muritiba muquirana
Itabapoana não me engana
Macunaína ainda vive
nas favelas de Copacabana
Federico Baudelaire
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Drummundana Itabirina
essa dica não é minha
dia 11 de outubro
a Nação Goytacá
vai Balburdiar
na CasAmarÉlinha
V(l)er mais no blog
jogo de dadaísta
não sou iluminista/nem pretender
eu quero o cravo e a rosa
cumer o verso e a prosa
devorar a lírica a métrica
a carne da musa
seja branca/negra
amar/ela vermelha verde
ou cafusa
eu sou do mato curupira carrapato
eu sou da febre sou dos ossos
sou da lira do delírio
e virgílio é o meu sócio
pernambuco amaralina
vida leve ou sempre/vida severina
sendo mulher ou só menina
que sendo santa prostituta
ou cafetina
devorar é minha sina
profanar é o meu negócio
Artur Gomes
Juras Secretas
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https://secretasjuras.blogspot.com/
clique no link para v(l)er o vídeo filmado em Gargaú por Letícia Rcha com trilha sonora de Fil Buc
https://www.youtube.com/watch?v=szABRGqMqH8&t=10s
No próximo vinte e dois deste setembro dois mil e vinte e cinco finco os olhos na tela do ArteCult.com para v(l)er por onde andará Macunaíma?, coluna assinada pelo “bardo da cacomanga”. E por onde andará Macunaíma? Pelo polo sul ou norte? Ainda andará nos traços a lápis de José César Castro, o fógrafo/desenhista que não é casto? Talvez com um pouco de sorte nos encontremos com ele naquela preguiça boa, escre/vivendo/falando poesia pelo litoral de São Francisco onde Itabapoana agora é pedra que voa.
Artur Gomes (Campos dos Goytacazes-RJ, 1948) é poeta, ator, produtor cultural e vídeo maker, com mais de cinco décadas de intensa atuação nas artes. Criador de projetos que marcaram a cena literária e audiovisual brasileira, como o FestCampos de Poesia Falada e a Mostra Visual de Poesia Brasileira, Artur construiu uma trajetória que une poesia, performance e experimentação multimídia.
Em 2019, lançou o Sarau Balbúrdia PoÉtica, que se tornou um espaço vibrante de celebração da poesia falada e da performance, circulando por cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Cabo Frio e Campos dos Goytacazes. O projeto já realizou onze edições, incluindo participações em eventos de grande destaque, como a Bienal do Livro de Campos, e contou com apoio de instituições culturais e do portal ArteCult.com
Autor de mais de 15 livros publicados, entre eles Juras Secretas (2018), Pátria A(r)mada (2019, Prêmio Oswald de Andrade/UBE-Rio) e O Homem Com a Flor na Boca (2023), e Itabapoana Pedra Pássaro Poema (2025). Artur segue produzindo intensamente e difundindo a literatura contemporânea. Mantém o blog Nação Goytacá, https://arturgumes.blogspot.com/
onde reúne a série TransPoÉticas – Coletânea de Poetas Vivos, reafirmando seu papel como articulador cultural e voz ativa da poesia brasileira.
Fulinaíma MultiProjetos
22 99815-1268 – zap
@fulinaima @artur.gumes – instagram